quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SOMOS TODOS HIPOCRITAS!!!!!

A hipocresia não é apenas enganar  ou fingir a outrem.Ser hipocrita no sentido mais amplo da palavra é enganar e fingir  para  nós mesmos.Não conseguimos ser honestos sobre os nossos próprios sentimentos.Não admitimos e não sabemos reconhecer os nossos sentimentos na sua verdadeira essência;e isso é uma das facetas mais sutis da hipocresia humana.Estamos sempre nos apresentando aos outros sob uma ótica que não corresponde ao que sentimos intimamente, seja ela  de forma intencional ou não, por isso estamos sendo hipocritas.Somos falsos sem o desejar.Hipocritas sem consciência.Pela nossa incapacidade de reconhecermos o que se passa em nosso íntimo, em nosso coração é que nascem os conflitos e a discórdia.Sejam eles internos  e principalmente  externos .
Em todos os nossos relacionamentos, sejam eles  familiares , com amigos  ou colegas  de trabalho, buscamos o alimento que nutre a nossa alma.Se nos sentimos bem em um ambiente de fofocas, sempre encontraremos o que dizer.Se somos tomados  pela disconfiança, semearemos  a descrença.Se somos enganados pela inveja, vamos adotar uma conduta espúria.Somos, em verdade, os únicos responsáveis pela condição do ambiente em que convivemos.O que falta para nós é fazermos uma auto-análise mais honesta a partir da sinceridade conosco mesmo.Na realidade somos fingidos  conosco mesmo..Isso bastaria para nos trazer paz diante dos conflitos que surgirem, porque passariamos a perceber a nossa parcela de responsabilidade em relação a cada lance de nossas relações.

Qual a  sua opinião? Somos ou não  hipocritas ?


Texto baseado no livro " Quem sabe pode muito ,Quem ama pode mais" de Wanderley S. de Oliveira-1ª edição -setembro 2007.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O SIGINFICADO DA MÁGOA

"A mágoa é um sentimento aceitável, todavia,saber administrar os efeitos nocivos da ofensa em nossa vida, isto sim, constitui grave desafio ético cristão.É a arte de perdoar. 
Um dos efeitos nocivos da mágoa é a atitude de indiferença.A indiferença é um tentativa improdutiva da alma de tentar anular ou negar sentimentos , de isolar  o afeto que , em sua concepção, foi traído.Essa iniciativa seja consciente ou não, só tem como resultado o ebulir dos maus pendores.A tentativa de ser indiferente nos leva a fixar nos pontos falhos, nas más recordações e na constante sensação de desconforto perante os ofensores.É um esforço para impedir as vozes profundas da alma que solicitam a coragem de perdoar.Não conseguindo,redunda em males a nós mesmos.

Quando aqueles que se magoaram preferem a indiferença temporariamente, em alguns casos,torna-se até justificavel a indiferenca em relação ao ofensor, desde que não estejamos indiferentes à mutação de sentimentos que saltitam em nosso coração em relação a ele.Indiferença temporária ao ofensor para dar tempo de minimizar os efeitos da ofensa no ofendido.No entanto,se for uma opção definitiva,uma escolha consciente e irreversível,estaremos caindo nas garras do orgulho e lutando  contra a tendência natural da alma na busca de sua recuperação espiritual,cuja inclinação é,para a aproximação, a afetividade.
A mágoa cristaliza nossa visão no lado menos feliz das pessoas que nos ofenderam.Sob efeito da ofensa,somos capazes de esquecer,automaticamente,o afeto e os momentos de alegria que tivemos com nossos ofensores.Esse talvez seja seu pior efeito.
Perdoar não significa somente esquecer a ofensa.Perdão é emoção  e não memória.Não apagamos a memória mas a ressignificamo-na.
A prova mais autêntica de perdão no mundo íntimo é quando conseguimos resguardar o nosso foco mental nos aspectos das pessoas que nos ofenderam.Evidentemente,que me refiro às pessoas que tivemos a oportunidade de conhecer e fruir amizade, carinho e momentos gratificantes que,sob o manto negro da ofensa,passam à condição de adversários.Esquecemos tudo de bom que nos uniu àquela pessoa e fixamos a mente no deslize do ofensor.
Muitos pensarão  que isso é uma utopia, como podemos pensar na virtude de quem nos agrediu ou lesou?.Isso depende de conhecermos  com profundidade quais são as razões que nos prendem à nossa mágoa e ao nosso ofensor.Quais os motivos profundos que nos atrelam à mágoa em relação a alguém.Quase sempre na raiz de nossas mágoas há interesses pessoais contrariados.Ou seja, feriram o nosso orgulho.Mexeram com a nossa auto - estima..Porque então nos sentiriamos ofendidos  se não houvesse algo de pessoal?A mágoa expressa um sentimento de injustiça.Jamais a sentimos dissociada da sensação de perda,lesão.Quando somos agredidos ou recebemos ameaças de agressão,entra em ação a emoção da raiva,para nos proteger.É o escudo contra o que pode nos machucar.É um sinal do coração para que o ofendido descubra pela dor algo importante para sua caminhada.E quando descobrir tomará o ofensor como grande instrutor de sua vida.A mágoa tem como elemento emocional básico a raiva que faz parte do sistema defensivo da alma.
Caminhamos entre o sincero desejo de ser útil e as velhas ciladas da sombras do interesse pessoal.
Na atualidade, ocorre um processo muito doloroso em nossa vida mental.Como buscamos a melhoria espiritual,estamos removendo as base de um edifício de ilusões que nos serviram de alento e segurança nos milênios.O ruir desse edifício é ameaçador.Hoje estamos literalmente magoados com a Verdade, a Verdade sobre nós.Temos raiva de saber o que estamos descobrindo sobre nossa vida.Não a vida externa , mas aquela que trazemos dentro de nós mesmos.Estabelecemos um processo de autocobrança e autopunição face a essa realidade,tornando-nos facilmente melindráveis,magoáveis.A sofreguidão desse auto-encontro faz-nos irritáveis, frágeis  psiquicamente para qualquer correção menos fraterna.
E ninguem, em são juízo,pode afiançar que sejamos almas abnegadas.O interesse próprio ainda é o motor de nossas ações mesmo no terreno da espiritualização.Raramente adentramos o campo moral da virtude.Nosso processo de aperfeiçoamento ainda reasteja nos domínios da desilusão.É o preço que pagamos para vencer a ignorância que teima em manter-nos cegos acerca da nossa realidade moral.
Todavia, nesse cenário,ninguém passará sem experimentar a dureza dos  chamados.Muitos desses chamados virão de irmãos de caminhada e serão tomados como agressões geradoras do ressentimento.Conquanto não devamos  incentivar o clima da fraqueza mórbida que deveria se substituída pela amabilidade,queiramos ou não, através da  leitura do evangelho  recebemos um convite para as descobertas interiores e, muito delas,serão realizadas sob a chancela da ofensa.  
O ofensor,seja ele intencional ou não, vai passar pela nossa vida e se vai ; a mágoa, por sua vez,será transportada conosco até o instante que descobrirmos o seu significado divino, o que ela tem para nos ensinar.No entanto,se não percebermos o quanto ela nos faz mal,poderemos não só perder o fruto do que  ela pode nos ensinar e, além disso,ao cultivá-la em redoma na vida emocional(ou seja, dentro de nós),adular um  projeto de carcinoma fulminante.
Não existe sentimentos na vida íntima que não tenham significado educativo para a nossa caminhada.Determinar o que se pode ou não sentir é uma sequela do religiosismo estéril,deseducativo.A carência de noções sobre a realidade interior,especialmente sobre os sentimentos,responde por inúmeras atitudes desconectadas da verdadeira intenção de melhorar.A reforma íntima será a resultante da habilidade em lidar com o desconhecido universo da realidade profunda do inconsciente,no qual jazem mecanismos perfeitos de evolução que necessitamos  esquadrinhar.Sem entender nossa vida afetiva,rodaremos em círculos de dor com reações aprendidas tais como a culpa,a rivalidade silenciosa, a vergonha, o remorso e a própria raiva reprimida que se converte em estado  melindroso,depois em mágoa e rancor, e , mais adiante, no ódio.
Perdoar é compreender.Quem perdoa entendeu as razões da mágoa.Para perdoar não teremos que entender, necessariamente, a conduta do ofensor, mas as razões de nos sentirmos ofendidos.Claro que falo de mágoas e perdas na relações e não dos casos graves de maldade e traição nos quais existem agressões severas,envolvendo inclusive bens materiais e a vida corporal.Nesse estágio penetramos os domínios da violência e as seguelas vão muito além da mágoa.
A mágoa é um  desgosto cujo objetivo é nos ensinar algo que não estamos querendo ver de outro modo.Assim como a raiva que tem finalidades importantes no crescimento, a mágoa tem liçoes profundas quando desejamos olhar para nós.Aliás, a mágoa,quase sempre,é a raiva congelada,isto é ,sentimos raiva em algum momento e não utilizamos esse sentimento com equilíbrio.Posteriormente,essa raiva cria uma mutação e transforma-se em ressentimento.
O perdão siginifica reconhecer conosco mesmo o que estamos perdendo,em que  estamos sendo contrariados e porque nos sentimos lesados.Essa auto-aferição é fundamental para nossa paz.No fundo,perdoar significa cuidar de nós mesmos e reconhecer a natureza da contrariedade que experimentamos.Sem isso,continuaremos ignorantes sobre as nossas perdas e quais são os interesses pessoais que a vida nos solicita que façamos uma revisão."

Reflexionando sobre esse texto verificamos que antes de qualquer  coisa  devemos em primeiro lugar buscar  dentro de nós  o nosso auto conhecimento ,através das coisas que nos acontecem no exterior, a fim de podermos  ir buscando o nosso crescimento espiritual.Crescimento este que deve ser embasado, sempre, na máxima que nos foi ensinada a mais de 2.000 mil anos atrás " Amarmos os outros como nós nos amamos".

Extraido do livro " Quem sabe pode muito Quem ama pode mais" do Wanderley Soares de Oliveira